data-filename="retriever" style="width: 100%;">É incrível, de verdade! Os artigos, artiguinhos que escrevo para o Diário de Santa Maria mandam em mim! Sentei-me diante deste computador aqui e, de repente, o Pacheco chegou e me disse que veio conversar, não tinha assunto, mas queria bater papo, nada de especial, tagarelar!
Então falamos de leituras, da dubiedade de nossas leituras. Parte dela, por deleite, porque cultivamos o hábito de ler. Outra, por ofício. Ler para escrever. Isso mesmo, para compor pequenas crônicas, outras longas e coisas mais. Somos obrigados a ler, até mesmo subliteraturas. Comentei sobre umas que tenho feito por diletantismo.
Repeti, mais uma vez, que, mesmo o tempo, é uma convenção. Daí que os acontecimentos não são encadeados, nem mesmo sequentes. Que nada impeça que o antes ocorra depois, e este plect que faço com os dedos, agora, seja mais longo do que a eternidade.
- Como você é confuso! - disse-me o Pacheco.
- Que nada, respondi. É só uma questão de adaptação. Leva um tempinho, ainda que nisso possamos alcançar a eternidade, mas logo vai.
Pacheco me olhou de esguelha, desconfiado de que eu andara a beber demais.
- Olha aqui, cara - prossegui. Você precisa entender que a consciência existe para além da existência material do corpo.
- Que coisa! - prosseguiu o Pacheco. Você está se aproximando do espiritualismo. Quem diria, hein!
- Nada disso, respondi-lhe. Mesmo porque sempre estivemos, o tempo todo, procurando religarmo-nos. Religião é isso, reunião. Volta ao todo. Basta superarmos a ilusão de que existimos separadamente. Você está equivocado quando supõe que a ciência é capaz de explicar a consciência. Olha aqui - prossegui repetindo-me. A ciência pode vir a ser, se já não estiver sendo, uma censura da consciência, do pensamento...
Pacheco ficou me olhando, olhos bem abertos, sem dizer nada até um ou dois minutos depois. Então me disse - eu calado, a ouvi-lo - que deveríamos mudar de assunto, falar de futebol, de amigos, cinema e televisão, esquecendo as tragédias políticas dos nossos dias, além do coronavírus! Caminhou, lentamente, até a porta e sumiu, foi-se pelo ... Francamente, sinceramente não sei, não sei se se foi pelo espaço e/ou pelo Tempo!
Voltei ao computador dominado pelo Tempo! Angustiado e confuso, a perguntar a mim mesmo se deveria/poderia enviar este texto que começara a escrever ao meu Diário de Santa Maria... Só me resta a esperança de que o publiquem! Publicarão?